
CONCURSO NACIONAL DE IDÉIAS: LARGOS DO PELOURINHO
pelourinho
FICHA TÉCNICA
Local: Brasil, Bahia
Status: concurso
Data do concurso: janeiro 2012
Equipe: Augusto Aneas, Fernão Morato, Guilherme Ortenblad, Samira Rodrigues, Kathleen Chiang, Lígia Lupo, André Buelau

Os largos Tereza Batista, Pedro Arcanjo e Quincas Berro D’água, existentes no Pelourinho, têm atualmente intensa e dinâmica ocupação cultural, porém com instalações inapropriadas e conflitantes em relação ao patrimônio local. A revitalização destes largos foi objeto de concurso.
Para solucionar o conflito entre a cobertura solicitada, com o desejo de valorização e manutenção da visibilidade do casario, do seu entorno e de suas visuais buscou-se uma cobertura que representasse a mínima interferência visual para a relação entre o largo com o seu entorno. A cobertura rendilhada pressupõe um olhar através.

Diante disso, foi avaliada cada situação, morfologia e programa específicos de cada largo, a fim de responder as suas necessidades particulares. Buscou-se para a implantação de todo o programa, intervenções mínimas, procurando não desconstruir a sinergia e a unidade dos eventos e atividades do interior dos largos, com o casario e o centro histórico de Salvador. As coberturas rendilhadas propostas para as três situações dos largos tem como conceito central uma analogia com as rendas e bordados baianos, do tipo Richelieu, usado nos trajes das baianas e difundido em outros objetos dessa cultura, e que tempos atrás era privilégio das Iyalorixas: chefes e sacerdotisas dos terreiros de candomblé. A justificativa para o emprego desse conceito é criar na cobertura uma superfície mais transparente que se comporte como um filtro: bloqueia parcialmente a luz do sol e a água das chuvas e ainda gera diferentes visuais para o casario.

A lógica geométrica de construção da estrutura da cobertura rendilhada dos largos se baseou na lógica dos Fractais Hexagonais tipo Dürer, cuja estrutura de organização fixa deu partido a um rendilhado dinâmico e singular com a possibilidade de aplicação dessa lógica em diversas escalas e formatos.

A cobertura, produzida em estrutura metálica vedada com chapas metálicas, em alguns momentos recebe vedação em vidro, para abrigar pontualmente o largo das chuvas sem obstruir a visibilidade do casario. Ora a cobertura serve de abrigo (como no caso dos palcos, mesas dos restaurantes e abrigos pontuais da plateia), e ora serve como pérgolas de proteção, amenizando luz do sol. Seus diferentes desenhos e a progressão de suas tramas geram um sombreamento dinâmico e singular nos pisos dos largos e no casario, criam um microclima agradável e confortável no seu interior.

A produção artística de Caribé também foi uma influência para o tratamento e recuperação das pinturas do casario, cuja paleta de cores foi inspirada em alguns dos seus principais quadros, gerando novas composições cromáticas mais intensas do que daquelas hoje utilizadas no centro histórico de Salvador. Essas novas composições cromáticas geradas, ao mesmo tempo em que se destacam do conjunto geral do casario do centro histórico, também se harmonizam a ele.
Como resultado, buscou-se transformar o interior desses largos em uma espécie de “refúgio artístico e cultural”, resolvendo de forma acolhedora as suas questões climáticas e funcionais para receber as atividades e usos existentes (além dos novos que possam surgir); valorizando o patrimônio urbano do casario e do centro histórico de Salvador como um todo. Uma intervenção mínima, sintética e articulada; mas que ao mesmo tempo possui uma presença forte e renovadora.