casa beiral
FICHA TÉCNICA
Local: São Paulo
Status: Construído
Área de projeto: 450 m²
Equipe:
Guilherme Ortenblad, Kathleen Chiang, Mariane Takahashi Christovam, Ana Carolina de Lima, Mariana Poli Gortan, Rosa Clara Alves, Karin Kussaba
Conclusão da obra: outubro de 2017
Fotografia: Maíra Acayaba
CASA BEIRAL
A reforma da Casa Beiral tinha como objetivo adequar uma tradicional casa do Alto de Pinheiros para a realidade de uma família recém formada. A casa deveria, portanto, ser pensada para acompanhar as mudanças e ocasiões do núcleo familiar ao longo do tempo: a chegada dos filhos, a infância no quintal, momentos de reunião, jantares de família, etc.
Antes da reforma, a residência tinha os ambientes divididos em três níveis: um nível de acesso, um nível intermediário e o nível dos quartos. Ou seja, conforme acontece o distanciamento da rua, adentra-se na intimidade da casa. Essa organização em níveis foi mantida no projeto. No nível de acesso estão o escritório e sala de TV, espaços que funcionam de forma mais independente do restante da casa. No nível intermediário estão os espaços de estar e reunião, como a sala de estar, sala de jantar, a cozinha e a piscina. No terceiro nível estão os quartos e, com a reforma, foi acrescentado um quarto nível, com mais duas suítes.
O novo se une ao antigo através da cobertura. Marcante, o beiral de madeira une o quarto nível ao terceiro, formando um plano inclinado único. Esse plano, juntamente com os beirais de concreto dos quartos, são os elementos mais notáveis da fachada e emprestam seu nome ao projeto, chamado de Casa Beiral.
Na sala de jantar, a reforma preservou as tesouras de madeira e revelou os tijolinhos existentes, trazendo um ar acolhedor para o ambiente.
MUXARABI DE MADEIRA: CONTROLE DA LUZ E FACHADA DINÂMICA
Outra característica que chama a atenção na fachada é o muxarabi. Por um lado, os quartos precisavam de mais iluminação interna, por outro, ter grandes aberturas voltadas para a rua demandava mais cuidado quanto à privacidade desses ambientes que são mais reservados. O elemento de madeira foi a solução encontrada para ter um controle maior da luminosidade e privacidade: quando o painel está fechado, quem está do lado de dentro pode ver o lado de fora, mas o inverso não ocorre. E mesmo fechado, o painel, por ser vazado, ainda permite a ventilação, contribuindo para o ambiente se manter sempre fresco. Essa composição dos muxarabis abertos ou fechados traz várias possibilidades de combinação, mudando a fachada e deixando-a dinâmica.
DIÁLOGO ENTRE A MEMÓRIA E O NOVO
O cliente passou parte da infância nesta casa. Assim, a reforma deveria renovar os ambientes, preservando a memória que a casa trazia consigo. Mesmo ganhando novos ares, a casa manteve elementos que compunham o espaço inicialmente. Um deles foi a estrutura em madeira do telhado sobre a sala de jantar. As tesouras de madeira foram reveladas e ganharam destaque, assim como o tijolinho - que também foi deixado à mostra na sala de lareira. Juntos, a dupla traz o acolhimento que é próprio da materialidade para o ambiente.
O FOGO COMO ELEMENTO CENTRAL
O nível intermediário concentra os ambientes de convivência da casa. O fogo é um elemento central nesses ambientes, é ao redor dele que a reunião entre as pessoas acontece. O fogão à lenha, desejo do cliente desde as primeiras reuniões de projeto, está localizado entre a sala de jantar e a cozinha, integrando os dois ambientes e servindo de transição entre o pé direito mais alto e o mais baixo.
Da mesma forma que o fogão à lenha reúne a família nos almoços de final de semana, a lareira também foi posicionada para incentivar momentos de relaxamento e convívio. O plano envidraçado atrás dela dá vista para a parede verde do lado de fora, trazendo um pouco do externo para dentro do lar. Essa composição faz com que a sala de estar seja o lugar ideal para reunir os amigos da família e compartilhar momentos, em um ambiente contemplativo e acolhedor.
O fogo, representado pela lareira e o fogão à lenha, é um elemento central na casa. É ao redor dele que as pessoas se reunem.
A nova varanda em deck de madeira integra a sala de jantar ao jardim, no qual as crianças podem se divertir.
O EXTERIOR DENTRO DO INTERIOR
Assim como na sala da lareira, a integração entre interior e exterior é um dos principais atributos do projeto como um todo. Antes da reforma, a casa tirava pouco proveito desse potencial. Depois, a sala de jantar virou um volume praticamente vazado, com as duas laterais envidraçadas. De um lado ganhou um deck de madeira que dá vista para o gramado, onde crianças podem brincar, e do outro está o pátio dos fundos, com a piscina e todo o lazer que ela proporciona. Mais do que uma casa, é um lugar para a família conviver e viver novas histórias e memórias.
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