CONCURSO PÚBLICO INTERNACIONAL DE ARQUITETURA: UMA ESCOLA PARA GUINÉ-BISSAU
escola em
guiné bisseau
FICHA TÉCNICA
Local: Guiné-Bissau, Bissau
Status: concurso
Data do concurso: outubro 2010
Área de Projeto: 11.760 m²
Equipe: Zoom Arquitetura – Guilherme Ortenblad, Fernão Morato, Augusto Aneas
+ Daniel de Freitas Saorim
Consultoria: Jörg Spangenberg (Werner Sobek)
perspectiva da biblioteca
Como orientação para o projeto da escola, buscou-se um alinhamento com as ideias pedagógicas do educador brasileiro Paulo Freire e sua crítica sobre a pedagogia de Guiné Bissau relatada no livro “Cartas à Guiné Bissau”. A experiência de Paulo Freire demonstra a necessidade de se desvincular do modelo de escola convencional “colonizador”, nas palavras de Freire, e buscar um modelo próprio de escola que reflita a identidade de Guiné Bissau, dentro do processo ainda corrente de reconstrução nacional. Esse novo modelo pedagógico é pautado numa horizontalidade do conhecimento (em negação à hierarquia convencional entre professor e aluno) onde o processo educacional é orientado por uma lógica de ajuda mútua e coletiva, onde todos ensinam e todos aprendem. A Escola de Guiné Bissau extrapola o programa restrito de uma escola convencional, tornando-se um equipamento urbano que abriga diversos eventos da comunidade de São Paulo, na qual será instalada, auxiliando esta em sua autonomia, permitindo o ensino e a produção nos campos da construção civil e agricultura.
perspectiva da sala de aula
ESPAÇO FLEXÍVEL, AMPLIÁVEL E COM PROGRAMA ABERTO
A implantação do edifício reforça a sua inserção entre a área urbana e a rural, ressaltando também a horizontalidade da paisagem onde está inserido. A escola se coloca como mediadora da relação entre a cidade e o campo, saindo do seu papel restrito convencional e se direcionando rumo à produção do espaço habitado e da produção agrícola. O programa de necessidades da Escola de Guiné Bissau foi modulado, fragmentado e implantado ao longo da marquise: infraestrutura central da escola, que atende às funções de captação e armazenamento de águas pluviais. O programa foi disposto de forma a assegurar a possibilidade de ampliação dos espaços, assim como adições de programas futuros. As áreas destinadas aos três bongolós foram somadas e conectadas com a cantina, buscando uma flexibilidade maior do espaço durante os eventos. A vedação da escola é predominantemente com toldos, salvo alguns momentos onde foram usadas portas pivotantes e placas de argamassa armada. As solução dos toldos, além de conveniente ao clima tropical úmido, permite maior comunicação entre os eventos internos e externos, flexibilizando ainda mais os usos.
perspectiva do canteiro de obras
PRÁTICA E A TEORIA: O ENTRE E O ALÉM
A Escola de Guiné Bissau, além de cumprir o programa básico de uma escola, permite que o conhecimento gerado seja orientado para os campos da construção civil e da agricultura, estimulando o desenvolvimento e a autonomia da comunidade. A permanência do canteiro de obras construído para a execução do mutirão permite que a comunidade amplie futuramente a escola, permitindo também, que a técnica e o conhecimento gerado sejam aplicados em outras edificações. O edifício da escola mantém estreita relação com a agricultura. Sua implantação criteriosa, e seu funcionamento ao longo das estações chuvosas e secas, e têm como objetivo gerar a produtividade agrícola do terreno durante o ano todo. A lógica de captação e uso de água pluvial e a solução das mandalas agrícolas se apresentam como técnicas eficientes que podem ser incorporadas pela comunidade em novas situações.
corte perspectivado